Saiba mais sobre o papel e os desafios dos Ecomuseus e museus comunitários na transição climática global. Por Ecomuseu da Ilha Grande.



O papel e os desafios dos Ecomuseus e museus comunitários na transição climática global. Ecomuseu da Ilha Grande representa ABREMC.




Representando a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários - ABREMC - o coordenador do Ecomuseu da Ilha Grande (Rio de Janeiro), Gelsom Rozentino participou do Encontro (online) "Os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 e Ação Climática: o papel do ecomuseus e das comunidades de museus". 

Esta aproximação brasileira com a realidade dos ecomuseus italianos decorre do Acordo de Cooperação Internacional "Distantes mas Unidos" (https://sites.google.com/view/drops-platform/cooperation/italy-brasil-cooperation?authuser=0) firmado entre a ABREMC e a Rede de Ecomuseus Italianos (https://sites.google.com/view/ecomuseiitaliani/home) .



Para Gelsom Rozentino "Ter a oportunidade de participar da Climate Actions, PreCOP26, de Milão, ao lado de representantes de diversos países foi muito importante. Ainda mais representando a ABREMC e o Brasil, sendo o unico da America Latina (o que, por outro lado, me causou certa estranheza). Pois, de fato essa é uma preocupação que não é recente para ecomuseus e museus comunitários, que vivenciam em seu cotidiano os efeitos das alterações climáticas no território. Mesmo quando não tinham essa consciência ou denominação de forma explícita, mas grande parte de suas ações já contemplavam o que veio a ser os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Podemos fazer mais e melhor. Mas cientes de nossas limitações e de tantas outras urgências. E da cobrança necessária e urgente para que os governos assumam efetivamente políticas de Estado que combatam as alterações climáticas de forma integrada com a preservação do meio ambiente e da vida. ". 

Ainda de acordo com a síntese apresentada pelo o coordenador do Ecomuseu de Ilha Grande ao acerto de documentações da ABREMC, sua abordagem contemplou os seguintes elencos temáticos:


"Ações climáticas do Ecomuseu Ilha Grande para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Gelsom Rozentino de Almeida

 

A partir das propostas das Nações Unidas, da presente Conferência e do ICOM para os museus e os Objetivos para um Desenvolvimento Sustentável sob o impacto das mudanças climáticas, devemos entender que os ecomuseus e museus comunitários ocupam um lugar privilegiado para essas ações, por sua proximidade com a comunidade.

            Escassez de água potável, aumento das inundações e do nível do mar, além da insegurança alimentar, são consequências do impacto ambiental do desenvolvimento e superexploração capitalistas, dentre as quais destacamos as mudanças climáticas. Extinção de várias espécies, derretimento das geleiras e aumento do nível do mar são apenas algumas das consequências dessas mudanças, são conclusões do novo relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, IPCC (2019 – dois mil e dezenove). O aquecimento global já atingiu 1º C [um grau Celsius] face aos níveis pré-industriais. Segundo a pesquisa, existem “provas avassaladores de que isto tem consequências profundas para os ecossistemas e para as pessoas.” O planeta Terra está sob forte ameaça. A vida no planeta, a nossa vida e todas as formas de vida estão sob grande risco.

            Tenho a honra de representar a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários – ABREMC, que tem por missão fomentar a criação, fortalecimento, desenvolvimentos, apoio e divulgação dos ecomuseus, museus comunitários e processos similares ou nesse espírito. A ABREMC objetiva o apoio e valorização de processos, metodologias, conteúdos e redes em museologia comunitária por uma Nova Museologia no Brasil. Os ecomuseus e museus comunitários que integram a ABREMC consideram os Objetivos para um Desenvolvimento Sustentável como fundamentais em seus projetos e ações.           

            A Ilha Grande está localizada no Estado do Rio de Janeiro, entre as duas maiores metrópoles do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, muito procurada por suas belíssimas praias. A Ilha Grande possui área total de 193 Km² [cento e noventa e 3 quilômetros quadrados], com exuberante fauna e flora nativas da Mata Atlântica, uma rica vida marinha e elevada diversidade geomorfológica, dentre outras características particulares. Sua história é também fortemente marcada pela presença do homem, cujos primeiros registros datam de aproximadamente 3 mil anos, conforme testemunhos encontrados em sambaquis. Desde o século XVI foram instaladas fazendas, um lazareto (hospital de quarentena) e instituições carcerárias. Essas circunstâncias resultam em uma riqueza ambiental, histórica e cultural que precisa ser conhecida e preservada.  Todos estes fatores contribuíram para que a Unesco, em 2019, reconhecesse a Ilha Grande como parte do primeiro sítio brasileiro a ser considerado, simultaneamente, patrimônio cultural e de biodiversidade, patrimônio mundial da humanidade.

            Estou mostrando rapidamente algumas imagens da Ilha Grande. Quem sabe elas aumentam a curiosidade e o interesse em nos visitar.

Em um lugar tão especial como a Ilha Grande, com o seu valiosíssimo patrimônio ambiental, cultural e histórico, com comunidades atuantes, não poderia ser criada uma instituição tradicional.

O Ecomuseu Ilha Grande é ao mesmo tempo um ecomuseu e um museu universitário, vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O Ecomuseu Ilha Grande possui quatro núcleos:

·         Museu do Cárcere Está instalado em prédios da antiga penitenciária. Tem como proposta servir como fonte de reflexão sobre as políticas carcerárias e seus reflexos na sociedade brasileira, a partir da história das sucessivas unidades penitenciárias da Ilha Grande.

·         Museu do Meio Ambiente Está localizado no prédio da antiga fazenda e depois penitenciária. Tem por objetivo divulgar as pesquisas científicas desenvolvidas sobre a Ilha Grande, abordando questões relativas à biodiversidade e o uso sustentável do meio ambiente.

·         Centro Multimídia Tem como objetivo contribuir para a pesquisa, registro, divulgação e memória da Ilha Grande em termos de patrimônio, história e cultura, por meio de mídias digitais e acesso virtual.

·         Parque Botânico Objetiva identificar, organizar e catalogar espécies vegetais a fim de implantar um acervo de plantas vivas originárias da Ilha Grande. Essa coleção ocupa a área do pátio interno da antiga penitenciária, realizando tratamento paisagístico e técnico-científico para o cultivo de espécies da flora que sejam testemunhos da história local.

Em termos gerais, os desafios a serem vencidos pelo Ecomuseu Ilha Grande como um todo são os mais diversos. Por estar localizado em ambiente insular requer cuidados específicos. Dada sua localização, a simples tarefa da chegada de qualquer tipo de material ou compra, instalação e/ou manutenção de qualquer equipamento no local envolve uma logística cuidadosa e bem elaborada. Além disso, todos os materiais a serem utilizados, além de serem ecologicamente adequados, não devem ser suscetíveis à ação da maresia, entre outros aspectos.

O fato de estar em área protegida por legislação ambiental agrega outras ações e cuidados adicionais. Todas as benfeitorias e/ou reformas devem ser acompanhadas de projetos detalhados e de memorial descritivo que, além dos aspectos técnicos, devem ser acrescidos da necessária aprovação do órgão ambiental, responsável pela Ilha Grande - o Instituto Estadual do Ambiente (INEA). No caso específico do Museu do Meio Ambiente outros aspectos devem ser observados em sua implantação como edificação bioclimática. No uso de telhado verde, por exemplo, além de todos os cuidados e detalhes de projeto, só poderão ser utilizadas espécies nativas da Mata Atlântica, próprias do ambiente local.

A missão do Ecomuseu Ilha Grande é incorporar a comunidade como sujeito do processo de conservação e desenvolvimento sustentável do território da Ilha Grande, por meio da preservação, pesquisa, valorização e difusão da história, memória, cultura e, identidade, locais, bem como do patrimônio natural, material e imaterial, promovendo a reflexão e a ação consciente. Considerando a função social do museu e da universidade, o Ecomuseu Ilha Grande atua como espaço que proporciona o encontro de diferentes campos do saber, promovendo o estudo de temas relevantes e estratégicos e a elucidação de problemas, de forma a contribuir de maneira efetiva para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico, ambiental e social do Estado do Rio de Janeiro. Assim, na interação e integração de saberes, sujeitos e interesses, investe-se no poder transformador do conhecimento e das suas próprias formas de produção, possibilitando a realização de uma “ecologia de saberes”.

O Ecomuseu Ilha Grande tem desempenhado uma função de mediador e interlocutor privilegiado junto às comunidades e instituições. Neste sentido, a UERJ foca suas atividades objetivando: 1) a preservação ambiental da Ilha Grande no que toca a sua impressionante riqueza de fauna e flora; 2) o estudo deste meio ambiente nas mais diversas áreas do conhecimento visando o avanço científico; 3) Atividades visando o bem-estar dos moradores da Ilha Grande, bem como a evolução dos padrões econômicos e sociais desta população.

Nos últimos anos, a Ilha Grande transformou-se de área de segurança nacional em área de patrimônio mundial da UNESCO, tendo a UERJ papel de destaque na conservação desse ambiente e nesse reconhecimento. O Ecomuseu Ilha Grande desempenha um papel fundamental nessa transformação. O antigo ambiente carcerário transformou-se em um laboratório para o desenvolvimento de um modelo que concilie os diversos usos deste espaço insular, em sintonia com os pressupostos da conservação e sustentabilidade ambiental. O Ecomuseu Ilha Grande é um museu que, com suas bases firmemente assentadas no passado, convida a todos a vislumbrar o presente de forma sustentável e a participar da construção de um futuro melhor e mais justo, em termos ambientais e sociais.

Um poderoso instrumento utilizado pelo Ecomuseu Ilha Grande para ações e projetos é a Agenda 2030 [dois mil e trinta] Objetivos para um Desenvolvimento Sustentável. Todos os objetivos são referências para nós, tendo como destaque o Objetivo 13 – “Ação contra a Mudança Global do Clima” e suas metas, de forma indissociável com os demais objetivos e metas.

O projeto “Ecomuseu Recicla” foi criado a partir das preocupações com o crescimento acelerado, desorganizado e irregular da Ilha Grande. O problema se acentua principalmente nos meses do verão, quando a população aumenta consideravelmente decorrente do fluxo intenso de turistas. Vários problemas estruturais se agravam, principalmente, o acúmulo de lixo. A distância do continente dificulta o descarte dos resíduos que, quando feito, acontece de forma desorganizada: lixo orgânico e reciclável se misturam em balsas coletoras e são levados para aterros a céu aberto no município de Angra dos Reis. Assim, apenas se translada o problema, sem resolvê-lo ou, sequer, minimizá-lo. Em contato com moradores, a equipe do Ecomuseu Ilha Grande percebeu iniciativas isoladas de coleta seletiva, quando alguns moradores, cientes da importância da participação individual, e por conta própria, fazem a separação dos resíduos em seus domicílios. Porém, o que foi notado é que após algum tempo, o acúmulo de materiais torna-se incompatível com as condições de armazenamento, e as pessoas são levadas a descartá-los junto ao lixo comum, desperdiçando o investimento realizado.

Contribuindo para amenizar o problema do lixo, o projeto “Ecomuseu Recicla” tem oferecido à comunidade da Ilha Grande, em especial da Vila Dois Rios, técnicas de produção de artesanato consciente, que contribuem para a eliminação de carbono no meio ambiente, assim como fonte alternativa de renda e como meio de divulgação científica, já que o projeto está voltado para confecção de peças que apresentem, de forma lúdica, representações da cultura, flora e fauna locais. Este projeto eliminou o lixo PET em Vila Dois Rios e tem servido de modelo para outras comunidades.

O uso de garrafas pet em grande escala e o descarte inadequado contaminam os ecossistemas naturais. Em ambientes insulares, este problema é consideravelmente agravado devido à dificuldade de transporte dos resíduos para o continente, onde poderiam ser reciclados. Para mitigar este impacto na Ilha Grande e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de recursos naturais e gerar o mínimo de resíduos de degradação lenta, um muro de garrafas PET vem sendo construído no Parque Botânico. Nesta empreitada, serão economizados recursos financeiros referentes à aquisição de materiais de construção convencionais e, ao mesmo tempo, serão reaproveitadas cerca de oito mil garrafas pet. Espera-se com este subprojeto, auxiliar na diminuição de resíduos sólidos, capacitar os moradores locais para o desenvolvimento deste tipo de construção de menor impacto ambiental, representando uma nova oportunidade de geração de emprego e renda e, ao mesmo tempo, promover educação ambiental e conservação do meio ambiente. Assim, atendemos o Objetivo 15: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda.” Mais especificamente:

15.b Mobilizar significativamente os recursos de todas as fontes e em todos os níveis, para financiar o manejo florestal sustentável e proporcionar incentivos adequados aos países em desenvolvimento, para promover o manejo florestal sustentável, inclusive para a conservação e o reflorestamento.

15.a Mobilizar e aumentar significativamente, a partir de todas as fontes, os recursos financeiros para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas

15.9 Até 2020, integrar os valores dos ecossistemas e da biodiversidade ao planejamento nacional e local, nos processos de desenvolvimento, nas estratégias de redução da pobreza, e nos sistemas de contas.

15.8 Até 2020, implementar medidas para evitar a introdução e reduzir significativamente o impacto de espécies exóticas invasoras em ecossistemas terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies prioritárias.

15.6 Garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, e promover o acesso adequado aos recursos genéticos.

15.5 Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, estancar a perda de biodiversidade e, até 2020, proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas.

15.4 Até 2030, assegurar a conservação dos ecossistemas de montanha, incluindo a sua biodiversidade, para melhorar a sua capacidade de proporcionar benefícios, que são essenciais para o desenvolvimento sustentável.

O Centro Multimídia adotou o Objetivo 11 que busca o desenvolvimento e promoção de cidades e comunidades sustentáveis. Na construção desse mundo melhor, desenvolvemos atividades voltadas para o reaproveitamento de materiais descartados na natureza, como: o PET e o Tetra Pak. Realizamos diversas oficinas visando contribuir com a redução do impacto desses elementos na natureza e, paralelamente, atuamos juntos às comunidades promovendo discussões e atividades de conscientização, especialmente com as crianças, sobre a importância de preservarmos o ecossistema e, com ele, o bem-estar das populações futuras. Ademais, estabelecemos importantes parcerias com grupos e empresas que atuam com o reaproveitamento de recicláveis, potencializando a remoção daqueles resíduos, incluindo o papel, irregularmente descartados no meio ambiente.

O Ecomuseu Ilha Grande, através do Museu do Meio Ambiente, atende a outros Objetivos para um Desenvolvimento Sustentável. Para o Objetivo 14 (quatorze) – “Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável” – realizamos os projetos:

Biodiversidade marinha da Baía da Ilha Grande;

Biologia Marinha: uma forma de contar as histórias do mar;

Monitomar: Monitoramento marinho da baía da Ilha Grande.

            Para o Objetivo 4 – “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos” – o Ecomuseu Ilha Grande tem promovido cursos, oficinas, palestras, rodas de conversa e atividades diversas para as comunidades da Ilha Grande, com informação científica de qualidade e em linguagem acessível, estimulando também que os jovens se engajem na Ciência, incentivando a qualificação e novos aprendizados de educação formal, educação ambiental e patrimonial, cursos de idiomas.

Para o Objetivo 5 – “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” – temos o Projeto Meninas e Mulheres na Ciência.

A partir do Projeto Ecomuseu Ilha Grande e Turismo de Base Comunitária, buscamos o Objetivo 1 – Erradicação da Pobreza, incentivando iniciativas locais a desenvolveram produtos e utilizar a matéria prima local para geração de renda e desenvolvimento local. Além, da valorização da história e cultura das comunidades locais. O Projeto “Ecomuseu Ilha Grande e Turismo de Base Comunitária” tem como proposta desenvolver ações que fomente e qualifique o turismo na comunidade da Vila Dois Rios – Ilha Grande, integrando a comunidade e universidade a partir da sustentabilidade social, econômica e ambiental. Sendo o Ecomuseu Ilha Grande uma ferramenta de transformação social, desenvolvimento local e turismo consciente.

O projeto “Ilha Grande e Saúde Comunitária” está ligado ao Objetivo 3 – Saúde e Bem-Estar - tem como proposta promover ações de cuidados preventivos de saúde às comunidades isoladas da Ilha grande, incentivando o desenvolvimento de hábitos saudáveis de saúde consciente e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das comunidades de caráter educacional, social e cultural. Sendo o Ecomuseu Ilha Grande um mediador, catalizador e propagador de ações que vise o bem-estar e a integração da população e do meio em que vivem. Nos baseamos, no calendário do Ministério da Saúde e as necessidades das comunidades locais, trazendo como motor a saúde da família. A partir do 1º Encontro de Mulheres da Vila Dois Rios, discutimos a papel da mulher na sociedade brasileira e sobre a sua comunidade, desde articulações e melhorias locais, como sua autoestima, cuidados e temas relacionados a violência contra mulher.

O Projeto “Museu do Cárcere: Cultura e Liberdade”, vinculado ao Objetivo 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes -, tem como proposta registrar, preservar e valorizar a memória prisional da comunidade da Vila Dois Rios, Ilha Grande – RJ, a partir da iniciativa do Ecomuseu Ilha Grande/ Museu do Cárcere de elaborar o “inventário humano” nestes moradores que trabalharam no presídio. O inventário consiste nas entrevistas, registro fotográfico e vídeo dos ex-funcionários, presos e seus familiares que ainda permanecem residindo no local. Iremos montar uma exposição “Dois Rios em três tempos” que retratará as histórias e memórias prisionais contadas pela comunidade a partir do olhar de três gerações. O Projeto visa também a recuperação das antigas instalações do presídio onde ficava localizada a enfermaria e ambulatório, e que será destinado à construção do Espaço Nilcéa Freire “Cultura e Liberdade” no qual serão realizadas atividades socioculturais e amostra expositiva de projetos deste caráter que são desenvolvidos nos presídios brasileiros.

Outro evento importante relacionado ao respeito e apoio aos direitos humanos foi o Encontro realizado no Museu do Cárcere, relacionado ao respeito e apoio os direitos humanos e combate toda e qualquer discriminação à diversidade. O Encontro dos Amigos de Infância de Vila Dois Rios reuniu cerca de 50 filhos e familiares de funcionários e presos do IPCM, que conviveram juntos nas décadas de 1970 e 1980.

Além, disso são desenvolvidas discussões e reflexões sobre direitos humanos, como a exposição “Seu Júlio e Assim Sucessivamente” que retrata a história do último ex-preso da Ilha Grande e sua superação e mudança de vida. Além, da Escadaria dos Direitos que trazem termos para refletir sobre os direitos humanos na sociedade, é discutido conceitos como: liberdade, justiça, educação, cultura, igualdade, fraternidade, solidariedade, respeito entre outros. 

O Ecomuseu Ilha Grande é, ao mesmo tempo, um ecomuseu e museu universitário, um museu que se vê crescentemente integrando e integrado pela comunidade e território da Ilha Grande. Que se apresenta como uma janela para o mundo e um portal para os diferentes tempos da ilha. Dessa forma, articula os diferentes campos do conhecimento científico, bem como os saberes populares das comunidades, contribuindo com as suas experiências de estar numa área de forte presença e interface entre a história, memória, cultura e meio ambiente. Lida de forma muitas vezes indissociável com a história e memória prisional, com culturas tradicionais, como a caiçara, indígena ou quilombola, com atividades extrativistas, com atividades turísticas e atividades conservacionistas do meio ambiente. O Ecomuseu Ilha Grande se propõe a ser uma “ponte” e estabelecer uma relação entre os diferentes atores sociais, tais como universidade, prefeitura, parque estadual, setores empresariais do turismo, associações de moradores, organizações não-governamentais. É preciso ter a vontade de ouvir, conhecer e aprender através de experiências, bem como compartilhar.

O Brasil sob o governo Bolsonaro tem vido uma múltipla tragédia, desde o genocídio de 600 (seiscentos) mil brasileiros por Covid, a volta da fome, da inflação, do desemprego, da miséria, como do aumento do desmatamento e das queimadas que tem crescido significativamente nos últimos 3 anos, principalmente na Amazônia. Precisamos abordar a defesa do meio ambiente como parte inseparável do processo de desenvolvimento nacional.

Diante da gravidade da situação Global é preciso mais do que nunca compromissos e ações climáticas globais efetivas que revertam os danos das mudanças climáticas. Mas nós, do Ecomuseu Ilha Grande, bem como os demais ecomuseus e museus comunitários, podemos e devemos fazer a nossa parte, junto com as comunidades, através de ações locais e da articulação com outras forças que possam contribuir para uma ação transformadora ainda maior. Pode não ser o suficiente, mas não podemos deixar de fazer a nossa parte. Não podemos desistir de fazer o melhor possível, não podemos desistir do planeta, não podemos desistir da vida. "

 




Com o avanço das atividades em comum entre os ecomuseus e museus comunitários brasileiros e italianos estes e outros temas que orientam as ações das iniciativas museológicas que aderiram ao Acordo "Distantes mas Unidos" serão promovidos novos encontros, projetos e programas para o desenvolvimento integral das comunidades e territórios envolvidos.

Para aprofundar o conhecimento sobre as ações em museologia comunitária da ABREMC vamos brevemente publicar no nosso canal de YouTube o SEMINÁRIO "O Pode Interdisciplinar dos Museus"https://www.youtube.com/channel/UCWAStz9fa1zP59Wcmxa53ig







Para Adesão à ABREMC: abremcbr@gmail.com

 

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